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O Levante Popular de Junho e o Silêncio Colaboracionista do SEPE

12/08/2013

O mês de junho de 2013 foi marcado por uma série de protestos de massas em todo o país e nas principais capitais. Tais protestos que nasceram da auto-organização dos trabalhadores marginalizados oi uma reação em primeiro lugar contra o aumento das tarifas de ônibus, reajustadas no início deste mesmo mês, mas também contra os gastos elevados na copa do mundo, a precariedade dos sistemas de saúde e educação, e contra o alto custo de vida que assola no momento a maioria dos trabalhadores brasileiros e por fim contra o próprio sistema político representativo, uma vez que em muitos atos ouvia-se vozes ecoando o grito de “sem partido”.

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Atos inofensivos e “pacíficos” (típico das burocracias sindicais e estudantis) foram deixados para trás na Revolta do Vinagre.

No Rio de Janeiro, o Levante Popular, também chamada de a Revolta do Vinagre, teve início no dia 10 de junho e seu término no dia 30 do mesmo mês, sendo que neste intervalo de 20 dias, dois grandes atos marcaram a jornada: a tomada da ALERJ no dia 17 de junho quando aproximadamente 300 mil manifestantes tomaram a Avenida Rio Branco; e a Batalha da Presidente Vargas no dia 20 de junho, quando aproximadamente dois milhões de manifestantes tomaram a avenida em direção a Prefeitura. Neste dia, a repressão brutal do Estado só não foi maior devido à resistência feita por milhares de manifestantes que contiveram o avanço do choque e do caveirão.

Este levante, mesmo que “espontâneo” se caracterizou pela ruptura com os tradicionais métodos de ato praticados no Brasil, especialmente aqueles feitos por sindicatos e movimentos estudantis. Esta ruptura se deu pela introdução da ação direta, onde prédios públicos foram ocupados, destruídos, assim como bancos e lojas comerciais, além do enfrentamento direto com as forças de repressão. Nesse sentido, podemos dizer que o levante de junho foi anti-sistema, anti-estado e por fim anti-burocrático.

Nesse contexto, em que partidos políticos e sindicatos deveriam se integrar ao levante, mobilizando suas bases e categorias, tirando greves em solidariedade ao evento, tais atores fizeram ao contrário: desmobilizaram os atos. Como isso ocorreu? Iremos relatar abaixo a partir de um sindicato específico, o SEPE.

No dia 27 de junho, iria ocorrer um ato puxado pela Plenária de Luta contra o aumento da passagem cujo destino final seria a sede da FETRANSPOR. Tal proposta havia sido deliberada na Plenária realizada no IFCS dois dias antes, na qual o SEPE participava. No dia do ato, ao chegar na esquina da Avenida Rio Branco com a rua Araújo Porto Alegre, o carro de som do SEPE parou e disse para a massa que o ato se encerrava ali e que não iria continuar até a deliberação da plenária. Aos gritos de “uhuhuh é traição” e “não tem comando” a massa decidiu seguir o ato até o combinado no IFCS, sendo surpreendida com um forte esquema de repressão montado pela polícia.

No mesmo dia, pela manhã em assembleia unificada das redes estadual e municipal, nós da ORC propomos que se deliberasse imediatamente uma greve unificada das redes em solidariedade aos protestos e fomos derrotados. O mais grave é que nossa derrota foi resultado da união entre paragovernistas (PSOL e PSTU) com governistas (PT), uma vez que a proposta de não greve havia sido defendida por um militante do PT.

Fica claro que os paragovernistas não fizeram o mínimo esforço para se integrarem ao levante. Pelo contrário, fizeram tudo para desmobilizar num claro e escandaloso acordão com os governistas, seja na unificação das pautas das centrais sindicais governistas, seja a reboque na criação e propagação do “mito” do golpe de direita ou fascismo.

Nesse cenário, nós da ORC propomos a construção de comitês de mobilização por locais de estudo, trabalho e moradia afim de que continuemos nas ruas e impulsione ainda mais os protestos de massa, pois somente com mobilização pela base e através da ação direta conseguiremos conquistar nossos objetivos e dar um passo a frente na construção de um futuro melhor para todos.

Abaixo o Sindicalismo de Estado!!!

Pelo Fim do Imposto Sindical e da Unicidade Sindical!!!

Construir o Sindicalismo Revolucionário e de Ação Direta!!!

Viva o Levante de Junho de 2013!!!

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